De velhas raizes minhas,

umas vivas, outras mortas,

retirei ervas daninhas

p’ra poder abrir mais portas.


20110514

FICÇÃO - REALIDADE

 Pergunto-me porque não gosto de filmes de ficção e a única resposta que encontro é a de que não tenho paciência para o Irrealismo. Quando jovem, sonhei com vários ideais, que nunca passaram disso. Recordo-me do tempo em que marcava o alarme do meu relógio para as 6h da manhã , para poder ficar a ‘sonhar’ até às 06h:45m, hora exata a que deveria levantar-me. Tenho ainda presente os sonhos, um por um, que esperava realizar.

Entretanto …,

O chão que pisei durante vários longos anos, esteve sempre cheio de pedras que me magoaram muito os pés. Pedras reais, ponteagudas. Aprendi a tentar defender-me delas e não foi nunca, na ficção, que eu procurei camuflar as dores que ainda hoje sinto. Os meus pés ainda hoje sangram, quando outras pedras vão surgindo, deixando-me  magoada, ferida, mas continuo com o ar de quem não tem mais medo de coisa alguma. A minha mente, embora cansada, não está exausta. Não tem é espaço para passar do real ao imaginário.  

Os ácidos que sinto no estômago são provenientes de frutos envenenados, amargos, convidando-me a comê-los, em qualquer ângulo, em cada esquina daquele mundo irreal com que sonhei. Eu os devorei. Não importa porque fui atraída por eles, o que importa é que me envenenaram. Já estou cheia de lições aprendidas em dias de tempestade e dor, mas ainda não vislumbro algumas respostas que gostaria de ter conseguido, depois de tantas reflexões sobre os meus porquês. O tempo urge e eu não sou senhora do meu tempo. Já não tenho mais idade para conquistar seja o que fôr, todavia, ainda quero dar, dar muito.

Continua a ser enorme a minha necessidade de olhar bem para o chão em que caminho. Poderia pensar “que já não valerá colocar trancas na porta quando a casa já foi roubada”, mas sou da opinião de que  nunca será tarde para tentar seja o que fôr.  Faço parte dum grupo que vive mal.  No meu viver mal não há lugar para males materiais.  Muitas vezes me pergunto porque é que a evolução do mundo não toma o sentido correto. Talvez a resposta esteja, exactamente, na existência de muitos frutos envenenados e de muitos os tentados por eles. Os frutos que me tentaram, aparentemente responderiam  às mil perguntas que fui fazendo à vida, no sentido  de encontrar soluções para os problemas que me afligiam e que exigiam uma solução que só eu deveria tentar encontrar, para poder viver. Embora a imoralidade e a indecência não tivessem nunca feito parte da minha forma de estar na vida, em alguns frutos que me foram oferecidos havia muito disso escondido, camuflado. Apanhei semelhante indigestão, que toda a fé que pudesse ter agarrada a mim, por muitos anos, foi dando lugar a um respeito enorme por toda e qualquer religião, mas eliminou de mim a fé em milagres ou qualquer tipo de crença. Respeito a vida maravilhosa como descrita na biografia de santos, mas excluí da minha mente a possibilidade deles fazerem milagres. Não sinto mais em mim aquilo que me fazia acreditar, com fé, nessas coisas. A força de que precisei e preciso para viver e encarar os desencantos ou mesmo para solucionar os meus problemas, vou procurá-la na minha Natureza,  aquela que me comanda, embora exigindo de mim muito respeito por Ela. É Nela que eu tenho encontrado resposta para muitas coisas que eu esperava me caíssem do céu, quando era jovem. Há muitos anos que arregacei as mangas e parti para uma luta feroz, por vezes impensável, por vezes irreflectida. Cada vez que empreendia um novo caminho, abriam-se inúmeras portas, dando-me a honra de várias entradas. Foi na sua escolha que nem sempre tive sucesso. Mas foi na minha calma aceitação de que nada se faz sem um grande esforço – para o qual nem todos estão preparados – que eu aprendi a não desistir de lutar.


- É urgente plantar novas árvores, que dêem frutos saudáveis, não venenosos.
- É urgente viver naturalmente.
- É urgente olharmos para o Universo e reflectirmos no quanto é belo.
- É urgente colocarmos em nós a questão se estaremos a retribuir com Amor, a beleza da Vida.
- É urgente sabermos reconhecer o valor do que de bom nos é oferecido pela Natureza,
  Para que tentemos neutralizar o mal que possam ter-nos feito todos frutos envenenados.
-É urgente lavarmos as feridas deixadas em nós, com tudo quanto a Natureza nos oferece de
  salutar.

Na Natureza não há ficção. Há, isso sim, uma realidade que deve acompanhar-nos em qualquer momento, em qualquer instante, em qualquer tentação. É que Nela, nós vamos encontrar a melhor cura para os males do Coração, da Mente e do Corpo.


Maria Letra

5 comentários:

chica disse...

A naturexza é mesmo uma grande Mestra.É sábia e temos que saber tuirar lições dela...Beijos,chica

Luna disse...

a natureza ensina-nos muito, mas com a nossa vida e com o que aconteceu de menos bom também podemos aprender, pois a vida é um aprendizado constante, e o0s sonhos fazem com que a vida dorida se torne menos agreste.
beijos

Francisco Domingues disse...

Olá, Maria Letra!
Obrigado pela visita às minhas "ressurreições". O seu texto espelha toda uma vida não fácil, desiludida com as fés irracionais, revelando os pés bem assentes nesta Terra tão bonita e tão maltratada pelos Homens. Comungando consigo, só pretendo, com os meus blogs, deixar algo de bom para o mundo, dando assim sentido à minha efémera - qual a não é? - passagem por esta existência. A vida é fantástica mas é tão "ai que mal soa, sombra que foge, nuvem que voa"! Com fé ou sem ela, há que aproveitá-la até ao último centil, vivendo cada momento como se fora o último e sempre sorrindo... O sorriso faz-nos bem à alma, a nossa e a dos que nos rodeiam e esperam de nós ânimo e coragem.
Saudações!
PS: Comentei no meu blog o seu.

Maria Letr@ disse...

Muitíssimo grata pela sua gentil visita e comentário ao meu texto.
Deixei já no seu blog o comentário que senti necessidade de fazer. Peço-lhe desculpa por ter-me alongado. Há textos e temas que merecem o tempo que lhes dedico e, quando é assim, não economizo palavras, esquecendo-me que "não estou em minha casa".
Tornei-me seguidora do seu magnífico blog e será com muita curiosidade que irei ler, um por um, todos os textos que tem escrito, já que só agora o descobri. Eu sei que, se não visitarmos os outros, não somos visitados. Esse é, quanto a mim, um dos lados negativos dos blogs. Causa-me um certo mau estar esse jogo de visitas, mas o que é certo é que, assim fazendo, vamos encontrando "bons sumos" para uma sede insaciável, de quem gosta de ler e apreciar bons temas.
Saudações amigas.

Francisco Domingues disse...

Maria Letra,
O seu comentário, que agradeço também aqui, mereceu com todo o mérito um pouco do meu tempo: reli-o e acrescentei algo de mim. Tenho pena de não ter tempo de visitar os outros seus blogs. Farei, no entanto, um esforço pois creio que valerão a pena!
Saudações cordiais.