De velhas raizes minhas,
umas vivas, outras mortas,
retirei ervas daninhas
p’ra poder abrir mais portas.
20160829
SEARCHING FOR ME
SEARCHING FOR ME
I
struggle to recognize me,
between
myself and I.
I don’t
know where I am now,
where I
have been, and how.
I may
live in a different dimension,
which
might be the reason why
it
generated lots of tension
in both
lives, every single day.
That’s
all I can say.
I did
too many nonsenses
in all
my presences and my absences.
I got
lost when I was requested
to give
more than I probably could,
simply
because I thought I should.
None of
the two bested the other.
They
both might be already dead
or
wandering in a world of chaos,
searching
for one another,
but I
still have a glimmer of hope
that,
one day, we will meet, wherever,
safe and
happy together.
Maria
Letra
2016-08-27
20160727
CONFESSO
Assumo a minha individualidade, não reprimo os meus
talentos. Tento controlar as minhas falhas por respeitar normas de comportamento mas
nunca fui aquilo que os outros gostariam que eu fosse. Daí, certos dissabores.
“Produzo-me” porque amo a arte. Divirto-me sempre que
posso (oh... se divirto!), canto muitas vezes até que a voz me doa e danço sempre que posso. Não tenho idade enquanto ela me deixar não senti-la e essa de
"coisas fúteis"- ou coisas que não ficam bem a pessoas da minha idade - existiram mais no tempo dos meus pais e dos meus avós. Contudo, há limites que
respeito... por respeito a mim própria.
Olho-me ao espelho com ternura e com complacência (oh se
olho!), da mesmíssima forma com que olho os outros. Faço uma excepção
para quem ofende os meus valores morais. Esses, desprezo-os completamente.
Amo e deixo que me amem incondicionalmente e, aos que
não me amam, posso dizer, apenas, uma frase muito italiana: "Chi non mi
ama non mi merita!" (Quem não me ama não me merece!)
Ouço o meu coração todos os dias e ajo sempre a seu
favor, apaixonadamente. Dado que o conteúdo da minha cabeça foi cultivado pelo
meu coração, o meu EU sente-se "em família".
Com paciência e com trabalho vou realizando as mudanças
que precisam de ser feitas na minha vida para, consequentemente, dar
exemplos aos que me rodeiam.
Nunca deixei que os medos paralisassem os meus planos,
daí, ter feito algumas asneiras na minha vida. Não basta esperar que sejamos
bem sucedidos. É preciso estarmos atentos ao lobo que, infelizmente, espreita
em cada esquina.
Nunca amaldiçoei a minha sorte, nem os lobos que
encontrei pelos caminhos que percorri. Soube aprender com as lições que a vida me deu. No erro,
enchi o peito de ar, o coração de amor e parti para uma nova luta sem pensar
mais no passado. Se foi para glória de quem me fez mal, não sei, mas que os
desprezo e os bani do meu mundo, isso aconteceu.
Consciente como sou, nunca culpei ninguém, nem mesmo a
minha pessoa, dos meus erros. Já tive oportunidade de dizer que tudo o que fiz
na vida foi feito pensando estar a fazer o meu melhor, consequentemente, não me
acuso de nada. Reconhecer o erro duma posição tomada não significa que me culpe
disso. Sirvo-me dele para corrigir o que esteve mal.
Nunca acreditei que haja alguma coisa escrita nas
estrelas. Acredito, isso sim, que somos nós próprios quem rege o caminho a
seguir. Mais ainda, não acredito que haja um Deus a guiar-nos. Esse Deus, para
mim, é o mistério de sabermos, ou não, viver dentro das normas impostas por
esse grande sentimento a que chamamos AMOR, de cujo grande mestre é a Natureza.
O passado não me dita, nem nunca me ditou, outra coisa
que não seja/tivesse sido a 'experiência' que me ensina/ensinou a escolher o meu caminho em direcção ao futuro.
Tenho sempre programas para o futuro, os quais vou
actualizando sem pensar que o mundo vai acabar amanhã, e tentando ter sempre
projectos para o futuro. Não quero sentir que já não tenho sonhos.
Vivo tranquila sempre que consigo 'ver-me livre', tão
depressa quanto possível, dos acidentes de percurso, na estrada em que caminho. Abomino os estados de ansiedade, que combato através de
travões que me imponho. e não suporto viver no desgosto seja do
que for que não fiz.
Cabe a mim e só a mim, aperfeiçoar-me, o que tento fazer
tanto quanto possível. A única coisa que, nesse aperfeiçoar-me, não fui ainda
capaz de vencer, foi o facto de não conseguir ultrapassar ofensas morais, repito. Quem
me ofende moralmente, é excluído do universo em que vivo. O resto, tenho
conseguido superar.
Acreditar que tudo à minha volta melhore, enquanto viva, seria esperar
por que o ovo saísse lá do sítio. Irá levar mais tempo do que aquele que me resta,
ainda, viver.
Acredito na Energia Universal, superior a tudo e a todos.
Não acreditando, porém, no castigo após a morte, levo a minha vida procurando
melhorar a minha pessoa. Embora não seja um exemplo de virtudes, faço o que
posso e sei para não dar maus exemplos aos que me cercam.
A preguiça é um grande inimigo do progresso e da vida. O
que disse acima dará a resposta à luta que travo no meu dia-a-dia, pensando
sempre no futuro em que acredito para os meus bisnetos, que já não virei a conhecer. O meu Ter e o meu Haver são valores muito
activos, virados mais para o espírito, do que para a matéria. O Ter é aquilo
que o meu coração dá aos outros e o Haver é o que os outros me darão em troca
desse amor. Dado que me dão muito mais do que aquilo que merecerei, tenho um
Saldo muito positivo, a despeito de alguns razoáveis desamores de quem menos
esperaria.
Não tenho razões para ser feliz com a vida, como ela é,
neste momento. Tenho, porém, razões para acreditar naquilo que possamos fazer
para que ela melhore.
Ponderar no futuro, eu vou ponderando. Há muito que o
meu caminho está bem escolhido e até o 'alcatroei'. O problema é que às vezes,
apesar das minhas boas intenções e tomadas de posição, vem cada enxurrada de
água, que tenho de usar um barco a remos. Quando a força para remar falha,
escolho parar e esperar que a cheia vaze ... o que leva o seu tempo. Só que,
depois, tenho de alisar de novo o terreno. Tudo isto leva o seu tempo !...
Nota: Este texto resulta da adaptação dum comentário meu
a um outro texto da autoria de Eustáquio de Souza - O Pensador.
Maria Letr@
20160511
RETROSPECTIVA
Procuro na escrita o que não encontro em ninguém, mas já não sei se escrevo ou se me deixo mergulhar nas pausas que o tempo me vai dando. Vou-me desfolhando lentamente, contando, um a um, os Bem-me-Quer, Malmequer, da minha vida de Mulher. Oh! Como eu gostaria de prolongar a minha existência! Quantas histórias irei deixar, inacabadas, se me afogar num dos mergulhos que vou dando. Coragem e comunicação foram sempre as minhas armas de combate contra os ácidos da Vida. Não gosto da solidão. Umas vezes é flor, outras vezes um espinho, espetado no coração. Quando narro o que ficou escrito, nas palmas da minha mão, sinto o doce do mel, e o acre do limão. Quantas feridas se abriram em mim, sem um lamento meu e sem revolta. Foram muitas viagens que fizeram, de ida..., e de volta. Fui Mãe nas horas de ponta e madrasta vezes sem conta, quando aquilo que exigia, não se dissolvia nas águas em que me envolvia. Não! Não me tortura mais o Passado. Tortura-me o Presente. Esse sim, que é responsável pelo que sinto em mim. O meu corpo tem marcas, mas o meu espírito, não! Sou amor e desamor, numa mistura que dói, mas que não corrói a minha mente, porque a realidade não lho consente. Deslizo numa descida a pique, sem qualquer vontade, escorregando aqui ou ali, mas levantando-me sempre. Quero manter-me na vertical até que me chegue a desistência que aniquilará esta minha resistência. Não, eu não quero caminhar mais em chão de areia! Quero mergulhar em mares, como se fosse uma sereia.
Maria Letra
Co-autora do livro "Contos ao Vento" das Edições Vieira da Silva.
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