De velhas raizes minhas,

umas vivas, outras mortas,

retirei ervas daninhas

p’ra poder abrir mais portas.


20110429

TEMPO SEM RETORNO


Gostaria que tu fosses pequenina
E saltasses, feliz, para os meus braços,
Traquininha e com gestos de menina,
Enchendo-me de beijos e abraços.



Recordo o tempo em que, toda atrevida,
Me pregavas partidinhas inocentes,
Salpicando de amor a minha vida,
Quando brincávamos, ambas, tão contentes.

Maria Letra
Abril de 2011

SEGUE EM FRENTE

SEGUE EM FRENTE!

Fico feliz se seguires
Um conselho que te dou:
Olhares o teu passo, à frente,
E nunca o que, atrás, ficou.

Maria Letra
Abril de 2011

20110428

CAI CHUVA EM MIM


Cai chuva miúda,
que atropela
a graúda
que fica nas nuvens,
esperando cair.
Vem suave,
mansinha,
com ar de santinha
mas vem p’ra ferir.
me enlaço
num laço,
em jeito de abraço,
em jeito de amar.
Me giro,
me viro,
e fico suspensa,
com a chuva a cansar.
Traz sabor de fel,
disfarçado de mel,
e quando desperto,
não há céu aberto,
há nuvem cinzenta.
A chuva graúda,
que já não desgruda,
cai forte, não lenta.
Então, recomeço
de novo e tropeço
tanto, que me esqueço
da chuva miúda
Que nem me saúda.

Maria Letra
Abril de 2011

A CHUVA foi tema de 2 poemas deliciosos escritos por Tânia Orsi Vargas e Lázara Papandrea, duas autoras de textos de grande valor literário, cuja interpretação, embora nem sempre fácil, é do melhor que tenho lido. Inspirando-me naquele tema compus, num estilo bem diferente, o poema “Cai Chuva em Mim”.


QUANDO A OFENSA DOEU ATÉ SANGRAR

 
Não sou assim, tão perfeita,
que consiga perdoar uma desfeita.
Quando me ofendem dos pés, até à cabeça,
uma só coisa eu espero que aconteça:
o ofensor deixar de me ofender,
e eu seguir em frente, sem esquecer.
Nunca desejo o mal seja a quem fôr,
porque conheço bem o que é o amor,
mas não me venham pedir p’ra perdoar,
quando a ofensa doeu até sangrar.

Maria Letra
Abril de 2011

20110427

ME IDENTIFICO EM TI

Me identifico em ti,

Oh Natureza linda!

até no que perdi.

Como tu - sabe-lo bem! -

                                               eu dei vidas à vida,

Fui Mulher, mas Mãe, também.

Como tu, eu amo o Sol,

e para o conquistar,

eu sou como girassol.

Como tu, eu arrefeço,

mas é no meu muito amar

que eu me aqueço.

Como tu eu me enamoro,

das estrelas, do luar,

do Universo que adoro.

Como tu amei e fui traída

mas continuo a sonhar,

mesmo que ferida.

Contigo me deito,

sufocando dores,

aqui, dentro do peito.

Contigo me desperto.

Contigo ganho força.

Contigo me liberto.







Maria Letra
27 de Abril de 2011
Fotografia de: Rui Videira

QUISERA TER SABIDO COMPREENDER

















Quisera ter sabido compreender
mil coisas dum passado que foi meu,
E teria soltado o meu querer,
deixando que o meu corpo fosse teu.

Sufoquei meu amor por tantos anos,
procriando e amando mil afetos,
mas tudo o que fazia eram só danos
num quadro de mil traços, inquietos.

O que resta de mim, pode ser pouco,
mas basta p’ra que possa recordar-te
e não chorar o tempo que perdi.

Foste essência num grande amor que, louco,
nunca se apercebeu que, para amar-te,
meu doce bem, bastava crer em ti.


Maria Letra
Abril de 2011

20110426

SER POETA É SER EU














Sonhando, acordada,
mEu ser se ilumina
PaRa recriar.

Num Poema estranho,
De amOr e de pranto,
Onde  dE mim falo …,
Não  senTirei pena,
Nem dor, Ao rimar.

Ser poeta ... É ser eu!

Me  encanta   eSta forma
De  falar  do    mEu ego
Que   sempre   recRia. É ator.

De  tudo  o  que   viEr a saber,
Aprenderei   a   ter   Um ego melhor!

Maria Letra
Abril de 2011

20110425

VOU ABRIR UMA PORTA-Acróstico para a Ciranda da poetisa Ana Stoppa










VOU ABRIR UMA PORTA

Vou abrir uma porta nova,
Onde a Vida nunca esteve.
Urge que o Sol possa entrar.

Adiei anos e anos,
Belos projetos que tinha,    
Reservados para um dia …,
Indiferente a que o tempo,
Rival da Vida, corria …

Uni-me à força que tinha,
Marcada por muitos sonhos
Aos quais tinha renunciado.

Parti, então, na aventura,
O que até então não fiz,
Receosa de que o sonho,
Tombasse pela raiz,
Acabando em desventura.


Maria Letra
Abril de 2011

VOU ABRIR UMA PORTA - Acróstico para a Ciranda da poetisa Ana Stoppa

Por Susana Letra






VOU ABRIR UMA PORTA

Vou abrir uma porta.
Ontem foi, não mais será
Um Passado massacrado.

A tristeza,  acabará
Brindando a vinda do Sol,
Recebendo aquele abraço,
Iluminados seguiremos,
Rindo, amando, passo-a-passo.

Um começo inesperado,
Meu lugar é teu lugar.
Ai que bom estar a teu lado!!!

Porto Seguro, Porto de Amar …
Olhares esses, profundos,
Recantos de Paz, tanta Paz!
Tento esquecer os segundos,
Abrindo a porta p’ra trás.

Susana Letra
Abril de 2011

20110423

ALELUIA SUFOCADO


Sinto ganas de gritar,
Aleluia! Aleluia!
Mas essa palavra mágica
que a tantos ouço dizer,
é um tanto ou quanto trágica …,
dita nos tempos que correm,
sabendo nós o sofrer
de tantas almas que morrem,
por não terem que comer.
Já sem forças p’ra viver,
deixam o mundo onde tantos,
enfartados com manjares
que não querem dividir,
agradecem aos seus santos,
por não terem os azares
desses seres a sucumbir.
Torturam a minha mente
Aleluias sufocados,
estrangulados, abafados
numa Páscoa indiferente
a todo este mundo cão
que, de forma inconsequente,
a esses só grita um NÃO!
Quanto a direitos comuns,
não têm direito a nada!
São regalias p’ra uns
e p’ra outros …, fome honrada!
E quando a morte os visita
até dessa se faz honras,
por terem tido a desdita
de partir, meu Santo Deus!
Pensemos em quanta arte
morre no último adeus
de tanta alma, que parte,
a quem só nesse momento,
seu saber passa a Valer.
Me quedo no pensamento
desta frase de respeito:
Tinham direito a VIVER!

Maria Letra
2011-04-08

20110421

PAREM JÁ! OLHEM EM VOLTA!

Entranhou-se, implacável,
em mentes dum mal imundo,
uma vontade execrável
de mudar o rumo ao mundo.

Com o ar de quem é bravo,
muito imbecil, sem bravura,
vai-nos dando uma no cravo
e outra, na ferradura!

Uma santa ignorância,
que grassa de lés-a-lés,
não vê a grande importância
de abrir os olhos de vez.

Num complicado sistema,
onde impera a vil ganância,
o mundo enfrenta o dilema
de acabar, sem substância.

E se assim fôr, à socapa,
subentra “A Besta”, sem dó,
que à morte também não escapa,
mas reduz a Terra a pó.

Avisos de toda a ordem,
ouço aqui, leio acolá …,
mas p’ra pôr fim à desordem,
é preciso agir …, e já!

Muitos políticos – vários –
fazem políticas porcas,
mas fomos nós, os otários,
que lhes abrimos as portas.

Nessa vil hipocrisia,
de discursos p’ra totós,
esquecemos que, em teoria,
eles não dão pontos sem nós

Em pura democracia
respeita-se toda a crença,
ideal, demagogia,
mesmo quando é uma doença.

Todos teem lugar nela,
porque veem disfarçados
com uma cruz na lapela
e propósitos marados.

Pintados em vários tons
e cheios de vis ‘senãos’,
damos-lhes honras de bons
e de honestos cidadãos.

Num cretino pactuar,
que a mim tanto já satura,
se continua a cavar
uma funda sepultura.

Parem já! Olhem em volta!
pensem melhor, mais profundo.
abram no sono a revolta
e mudem o rumo ao Mundo!

Maria Letra
Abril de 2011

20110417

RAÍNHA MÃE, por Susana Letra (Publicado no dia da Mãe - Londres)

Chegou o momento,
de vos apresentar,
a mais Santa das Rainhas!
A Mulher mais Lutadora,
uma Grande Senhora!
Tem por nome Maria,
é minha Mãe, que enorme Alegria.
Nos Recantos do seu Castelo,
voam, suavemente,
Letras e Letras.
Suas mãos suaves,
agarram nelas,
e saem daí,
as frases mais belas !

Uma Rainha Avó,
escreve contos de encantar,
pensando nas Crianças,
fazendo-as Sonhar...

Percorreu vários caminhos,
todos eles de Cristal,
por vezes foi difícil,
outras vezes Divinal.

Com ela, naturalmente,
veio o dom de nos brindar,
com Poesias, reflexões sem Tretas,
Contos e Histórias p´ra pensar !

Rainha Maria Letra,
A Mulher, a Mãe, a Avó,
és a minha inspiração,
já não sei o que é estar só !

Amo-te muito mãe,
todos os dias, a cada segundo,
não consigo viver sem,
O MELHOR ABRAÇO DO MUNDO !

Susana Letra

3 de Abril de 2011

O TEMPO


O tempo gasta-se,
tal como a nossa paciência,
mas é um segredo do tempo
a grande conveniência
de saber esperar.
O tempo aflige,
tal como o choro duma criança,
mas é um segredo do tempo,
pesar numa balança,
o possível e o desejável.
Dar tempo ao tempo
pode ser o mais aconselhável.
O tempo corre veloz,
mas é um segredo do tempo
podermos dar corpo à voz,
de todos nós, pelos que sofrem.
O tempo é professor.
Deixemos que ele nos dê
mais lições, onde o amor
seja a palavra de ordem,
para que o mundo não acabe
numa grande desordem.
O tempo não é nosso,
Foi-nos cedido
por anos, meses, ou dias ...
Ele não deve ser perdido.
Saibamos aproveitá-lo
com sabedoria,
senão ... corremos o risco
de não podermos usá-lo.

Maria Letra
Abril de 2011

A ENTRADA DOS VILÕES
















Entre focas e fofocas,
   num mundo de fofoquices,
      ninguém ali fica ileso.
         São grandes e vis venenos,
            e um mar de canalhices
               com gente de ‘muito peso’!

               Controlam com muito arrojo,
           jornais e televisões,
         com descaramento imundo.
       Um comandar, que dá nojo,
   a favor dos tubarões
que dominam este mundo.

São como víboras, tontas,
   camafeus com pedigree.
      Não são gente, são gentalha!
         Peritos em fazer contas,
            nunca cairão em si.
               É gente muito canalha.

               Prepare-se quem puder,
            para assistir ao cortejo
         de gente que  vai ficar
      depenadinha, a sofrer,
   sem sequer ter o ensejo
de direitos reclamar.


Maria Letra
Abril de 2011

20110416

MILHAFRES PAIRAM NO AR

MILHAFRES PAIRAM NO AR

Num cenário de tristezas,
milhafres pairam no ar.
Estão à espera de mais presas
e da hora de atacar.
São vampiros, são corujas,
disfarçados de cordeiros,
e nas suas mentes sujas,
trazem golpes traiçoeiros.
O Sol escondeu-se com medo.
Há nuvens negras no céu.
Ouve-se o som dum torpedo,
começa a guerra, Deus meu!
         ……………………………
Foram anos de tormento,
milhares de corpos caídos,
milhares de grandes tormentos,
e muitos sonhos traídos.
          …………………………..
Um mundo novo, surgiu,
das trevas daquele drama.
Alguns..., a guerra os sumiu,
outros há, ganharam fama.
E neste novo cenário,
há de novo muitas dores,
num confuso calendário,
a preto e branco. Sem cores.
O rico, rico ficou,
o pobre, mais pobre ainda,
e a ambição continuou
nesta guerra que não finda.

Maria Letra
2011-03-28