De velhas raizes minhas,

umas vivas, outras mortas,

retirei ervas daninhas

p’ra poder abrir mais portas.


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20210404

A NOVA PÁSCOA

A NOVA PÁSCOA

Acorrentados num espaço
que nos protege dum mal
que de morte sabe tanto...
se percorrermos o traço
da nossa vida global,
- do passado e do presente -
banhar-nos-emos em pranto
ao vermos pobres de amor
mascando ressentimentos
por quem em paz se consente
ausência de sentimentos.

A Páscoa vivida agora
jamais será como outrora!

Maria Letr@
2021-04-02

20140622

ENQUANTOS DA VIDA












 

ENQUANTOS DA VIDA

Enquanto, à segunda-feira,
és da preguiça, uma herdeira.
Enquanto, nos outros dias,
tu tens muitas arrelias
- ou mesmo um fim de semana
com muita coisa sacana.

Enquanto tu te revoltas
por males viajando à solta.
Enquanto no teu ofício,
o trabalho virou vício
_porque a família que tens
são os teus mais puros bens.

Enquanto buscas, em vão,
um amor, uma paixão.
Enquanto, do que semeias,
colhes menos do que anseias...
outros há esperando a morte.
Isso sim, é que é “má sorte”!

Enquanto uns, desgastando
o que ainda vai sobrando
dum corpo já quase ausente
deste mundo deprimente...
há ainda os que se lamentam
de coisas que os atormentam.

E enquanto o corpo gastam
e sua alma desgastam...
há os que dariam tudo
pelo passado. Contudo,
estão velhos e a enfrentar
o que lhes resta: esperar!
 
És habitante com prazo.
Não deixes que aquele atraso
que tu sentes, no que esperas,
te desespere deveras.
Aceita o que tens sabendo
que, mal ou bem, tu estás vivendo!

Maria Letr@
2014-06-22

20140329

ATÉ QUE A VIDA ME REJEITE

Até que a Vida me rejeite,
…quero seguir, viajante,
carregando aquilo
que me tornou imigrante,
num outro país.
Quero ter força
e fazer o que sempre quis:
Amar-te, Vida!
Sim, porque ao amar-te,
estarei amando o mundo
e todos os que nele
sofrem dum mal profundo,
que bem compreendo…
Chama-se Saudade.
Essa, não tem idade.
Continuará vivendo
depois de mim, de ti
e de todos nós.
Lutarei pela Vida,
até quando ela quiser.
A idade não perdoa,
mas meu grito de dor,
ainda que fraco, ecoa.
Gentes que sempre amei,
chorarão minha partida.
Um dia? Uns anos?…
Minha alma está dorida,
feita de desenganos,
mas meu coração é forte,
afugentando a morte.
Eu já não tenho anos,
tenho vivências.
Mereço respeito.
Vivo de nada,
para além do Amor
que sinto no meu peito.
Não quero envelhecer.
Quero amar a Vida,
deixar-me adormecer
no seu regaço origem.
Lutar contra os corruptos
que nada dão…  Exigem!
Até quando a Vida quiser…,
quero continuar Mulher!

Maria Letra
2014-03-11

20130728

RELATO DUMA HERANÇA

Solto minha mente
e deixo que me lembre
daquele tempo
em que brincava
... e ria de contente
por tudo…

 e por nada,
duma forma insensata.
Eram tempos de prata.
Fazia rir toda a gente
ora imitando,
ora dançando…
ora falando
com as paredes,
minhas amigas
que, pacientes,
deixavam, surdas,
que lhes dissesse
o que eu quisesse.
“Amiga, a fruta
estava caríssima,
e o mercado…
cheio de gente!”
Naquele trajecto
que a minha mente,
lesta, consente,
vou recordando
e fico pensando,
e derramando
gotas de sal,
porque a saudade…
faz muito mal!
Busco defesas.
Recordo, em fila,
aqueles momentos,
ano, após ano.
Seis filhos tive.
Tive os que quis…
Daí em diante…
é p’ra esquecer!
Contudo,
neste meu fado
que guardo, mudo…
houve episódios
de grande luz,
que iluminaram
a minha mente.
Virei a página.
E aquela cruz
que a minha alma
ainda sente
muito pesada…
não vale nada.
Foi a herança
que me deu força
e tanta esperança.
Os meus bons filhos
foram sarilhos,
muitos cadilhos,
mas são tesouros.
Deles nasceram
meus 11 louros.
Ponto final!
Eles são meus netos!
Com eles partilho
grandes projectos
para o futuro
que será deles.
Sim, que do meu...
o que sei eu?!?

Maria Letra
27-07-2013

20130625

TRIBUTO À NATUREZA

Amo-te todos os anos!
Quando acordo a saltitar,
ou adormeço a chorar
de dor, ou de desenganos.
 
Amo-te todos os dias,
mesmo que estejas zangada
por te sentires mal tratada
por quem é cego. Sabias?
 
Amo-te todas as horas!
Tu és o Deus em que creio.
Tu és suporte, és esteio.
Tu és da Vida as esporas.
 
Amo-te em cada minuto!
Tu és a mais linda cor
na tela do meu Amor.
Tu és do Mistério um Fruto. 
 
Amo-te em cada momento!
Tu fizeste de mim filha,
mãe..., avó… Que maravilha…
Mesmo na Morte, és alento! 
 
 
Maria Letra
25-06-2013
Fotografia de Rui Videira
Ria de Aveiro


20120130

20120111

LUTANDO PELA VIDA

Me sinto perdida
num mundo em que a Vida
persiste em lutar
contra a força humana,
que a fere e engana,
mas não deixa de amar.

Busco num cenário,
com cariz de falsário,
uma luz que não tem.
Me perco na busca
por algo que ofusca
a visão mais além.

Não chego até lá.
A estrada é tão má
que tenho meus pés
sangrando de dor.
Mas teimo em lutar
pela Vida a clamar
mais Paz, mais Amor.

Maria Letra
Janeiro de 2012
Imagem de Miguel Letra

20110726

MARCO DE VIDA

Fui fonte de amor,
procriando, amando,
seres de mil afetos.
Sou quadro, sem cor,
painel abusado,
de traços inquietos .

Sou vela, sou  chama,
sou sal que crepita,
num fogo que adora.
Sou um ser que clama
a injustiça infinita
que a lei ignora.

Sou vida espremida,
marcada, ferida,
num mar de ilusões.
Sou dor escondida,
sorrindo p’rá Vida,
com mil ambições.

O “sou” é meu espelho
onde a Primavera
não está mais, em nada!
O ‘fui’ me aconselha,
não ser mais quem era,
não ser mal tratada.

Não mais subjugas
Meu corpo por gosto.
Sou ave ferida.
Farei destas rugas
estampadas no rosto,
um Marco de Vida.

Maria Letra
Abril de 1985

20110427

ME IDENTIFICO EM TI

Me identifico em ti,

Oh Natureza linda!

até no que perdi.

Como tu - sabe-lo bem! -

                                               eu dei vidas à vida,

Fui Mulher, mas Mãe, também.

Como tu, eu amo o Sol,

e para o conquistar,

eu sou como girassol.

Como tu, eu arrefeço,

mas é no meu muito amar

que eu me aqueço.

Como tu eu me enamoro,

das estrelas, do luar,

do Universo que adoro.

Como tu amei e fui traída

mas continuo a sonhar,

mesmo que ferida.

Contigo me deito,

sufocando dores,

aqui, dentro do peito.

Contigo me desperto.

Contigo ganho força.

Contigo me liberto.







Maria Letra
27 de Abril de 2011
Fotografia de: Rui Videira

20110224

O XADREZ E A VIDA



Analizem comigo
A diferença existente
Entre um homem são
E um homem demente.
O primeiro, amigos,
Usando a cabeça,
Com astúcia e com saber,
Joga o xadrez da vida,
Lutando p'ra não perder
E olhando cada peça
Como um bem a preservar.
O segundo,
Alheio às regras do jogo,
Vai andando neste mundo,
Sem jogar.
Move as peças sem consciência,
Faz delas os seus brinquedos,
Sem técnicas
E sem segredos.
Vai usando-as
P'ra defesa, ou para ataque,
Deslocando-as sem pensar
No cheque-mate.
Jogo inocente,
Sem motivação,
Depende daqueles
A quem chamam de "irmão".
Não conhece o adversário.

Como seria bom
Se, com o homem demente,
Cada um jogasse
Em sentido contrário ...


Maria Letra
Londres, Abril 1985
Imagem Stockvault.net