É com enorme alegria que, a 3 dias das comemorações do
25 de Abril, apresentarei ao público o meu mais recente trabalho.
Ao jeito de
primeiro “approach”, aqui deixo um excerto do prefácio gentilmente redigido
pelo Ex.mo Senhor Professor José Gerós, o qual, para mim, espelha uma muito
gratificante interpretação da obra:
“Quando um país não se mede aos palmos!
Leio os versos de “Meu
pequeno Grande País” sabendo que esse pequeno país à beira mar plantado tem
para os próximos cinco anos um seu político, António Guterres, a liderar uma das
principais organizações internacionais, a ONU, que a língua usada pelos seus
habitantes é a quinta mais falada no mundo, que os seus poetas e escritores,
entre os quais se conta um prémio Nobel, são dos mais conhecidos e estudados
por grandes mestres. (...) Um país que
ocupou mas que também sabe receber. A este propósito, relembro as palavras de
um amigo meu guineense que trabalhou em
vários países da europa e do mundo: “Portugal
não é o melhor país a receber. De modo
solidário e honesto é o único!”.
Fomos um povo reprimido, analfabeto, envolvido em
guerra nas colónias, mas que conseguiu uma
democracia sem derramamento de sangue. Como diz a autora: “E foi assim, sem violência, que acabou a prepotência!”.
(...) Foram estas as minhas reflexões quando li os
primeiros versos da Maria Letra. Na realidade, um País assim
tem de ser lembrado, deve ser objecto de discussão e principalmente deve ser questionado.
(...) É este o grito que atravessa as páginas de uma obra onde vejo mais um manifesto do que um livro de História
contada em verso. A autora começa por lembrar uma série de factos que
constituem o nosso passado. Escolhe uns, encurta outros, opina sobre todos. Chama
a atenção para o essencial, espicaça o leitor a procurar mais informação para apoiar o Seu ponto de
vista ou criar uma visão própria. Não se abstém de criticar mesmo as nossas vitórias,
de valorizar sucessos alheios, de relativizar acontecimentos politicamente
corretos, de colocar questões pertinentes: “D.
Nuno Álvares Pereira… em matar numa Batalha. E virou Santo?... Esquisito!”.
Chegada aos acontecimentos que lhe são contemporâneos,
a autora não se coíbe de exemplificar
com situações familiares as divisões políticas que se generalizavam no país:
mostra as divergências com o pai relativamente a Salazar, aclama a revolução
dos cravos, narra o que de bom se realizou e acompanha os principais desafios que
o país vive, tais como a criseeconómica, a problemática as reformas, os
salários, a postura da sociedade perante
a homossexualidade, a falta de sensatez no momento de votar.
Apelando à luta para que tudo continue a melhorar, a
autora finaliza com um voto de esperança:
“Por causa dum mau
passado,
e dum presente enevoado,
há gente deste canteiro
que partiu para o
estrangeiro.
Está provando ser fecundo
tudo aquilo que aprendeu,
e que este canto do mundo
será sempre, de raiz,
Um Pequeno Grande País!”
Vila Nova de Gaia,
Novembro de 2016
José Gerós
Imagem da capa da autoria
de Jorge Marques