De velhas raizes minhas,

umas vivas, outras mortas,

retirei ervas daninhas

p’ra poder abrir mais portas.


20101228

MENDIGO DE VIDA


Um cigarro na boca,
Um olhar cansado,
Uma voz já rouca,
Num ar aluado.
O seu corpo pesa
E treme de frio.
Sua alma resa,
Num grande vazio.
Esqueceu a família,
Ninguém o procura,
Ficou de vigília
À noite, tão dura.
Seu corpo, estendido,
Indiferente e só,
Deixa, bem dorido
No meu peito, um nó.
Sinto um vento frio,
O meu corpo treme.
Dói-me o seu vazio,
Qual barco sem leme.
Sua mão, que agarro,
Está cor de marfim.
Tirei-lhe o cigarro.
Que dor sinto, em mim!
Olhou-me, ausente,
Não sei se me viu
E triste,  doente,
Da vida partiu.

Maria Letra
28/12/2010
Imagem da net

2 comentários:

Manuela Araújo disse...

Sem palavras perante a dor, intensidade e beleza das palavras e sentimentos.
Um abraço

Tite disse...

Belo o poema, triste a... realidade.

Beijosssss