… e foi no teu olhar
que mergulhei
um dia, procurando-me,
buscando saciar a
minha sede
de amar... e de ser
amada;
de libertar-me daquela
dura rede
onde permanecia, encarcerada.
...E foi em ti que,
descrente, constatei,
confrontando-me,
que amar era tão
importante
quanto virar a página
dum livro velho,
onde já nada era belo,
ou relevante,
e onde me revia, como
num espelho.
Amar de novo era um
desejo ardente,
era uma necessidade,
não uma ilusão
ou um capricho impertinente.
Ser livre, esquecer
aquele diário
onde quase tudo me
parecia secundário...
deixou de ser uma
simples ambição.
Urgia libertar-me da
prisão
onde, cruelmente, estava
aprisionada,
reduzida a zero, no
auge do tormento...
... E foi em ti que me
reencontrei,
liberta das amarras em
que estive
tantos anos nos quais
não tive, um só momento,
o que me deste tu,
Amor. Quanto te amei!
... E foi em ti, num
lindo amanhecer,
que despertei dum
pesadelo... e fui Mulher!
Maria Letra
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