De velhas raizes minhas,

umas vivas, outras mortas,

retirei ervas daninhas

p’ra poder abrir mais portas.


20100204

VENTOS FORTES DE MUDANÇA


Vento que bate, insistente,
em frágeis corpos sem norte.
Leva tudo à sua frente,
na sua fúria de morte.
Ninguém sabe o que fazer.
Desistir, não são capazes.
Acreditam que vencer
é o prémio dos audazes.
Os que preferem ponderar,
estudam o mal na raiz,
buscando como travar
os ventos do seu país.

Ventos loucos, sem control,
que sopram todos os anos,
anos escuros, sem sol,
que causam penas e danos.
Uns esperando a calmia,
vão recolhendo a folhagem;
outros, mais em sintonia,
lutam juntos com coragem.
Procuram travar a dor.
Têm esperança no bom senso
e na força do amor,
cujo poder é imenso.

Fartos dum presente duro,
fogem de ventos e lôdos.
Têm esperança no futuro.
Todos por um, um por todos!
E, nesse esperar sem fim,
sentindo a força do vento
que sopra, dentro de mim,
fui-me esquecendo do tempo,
esse factor meu rival,
que sei ser muito importante
nesta luta desigual
contra um mau tempo constante.

Maria Letra
2009-07-01

2 comentários:

Adelaide disse...

Querida Mizita,

Como consegues "poemar" desta maneira. Como consegues apanhar as palavras que fojem com os ventos e que te fazem falta no teu poema. Como sabes escolher as que melhor se adaptam à ideia que formulaste para construires mais um belo poema teu!
Mizita, eu acho que perdi a vontade de dominar as palavras, de as escolher para dar a beleza ao poema que quereria fazer e não consigo.
O que passa comigo? Haverá alguma plantinha natural que me encha de inspiração?

Beijinhos
Milai

Maria Letr@ disse...

Há, Mara. Há em todos nós. Vai à tua natural essência e, sem artifícios, escreve. Um poema nasce com muitas formas e a mais bela é aquele que faz com que o poema nos toque fundo. Para quê florear?
Mas e3u não serei a pessoa mais indicada para dar-te conselhos sôbre poesia pois sou uma simples amante desta forma de comunicar e não me preocupo muito com a métrica porque nem sempre tem resultado comigo. Prefiro escrever livremente. Agradeço muito os teus comentários, mais válidos como amiga do que como comentadora, pois não te vejo capaz de dizer-me: "vai pregar a outra freguesia que isto aqui não me convence". Precisava desse tipo de comentário, se fôr caso disso.
És sensível demais para teres essa coragem.