De velhas raizes minhas,

umas vivas, outras mortas,

retirei ervas daninhas

p’ra poder abrir mais portas.


20120626

FILOSOFIA DAS ESTAÇÕES-de Nuno Azevedo (14 anos)

    É um mundo
    no qual
    nós vivemos em dor
    e em paixão

    o conforto nortenho
    invade a nossa pele
    e ficamos
    mais velhos

    morremos por dentro
    por aqueles que nos veem,
    morremos a sério
    por aqueles cuja cegueira é enorme

    depois renascemos
    com o sol
    a secar-nos as lágrimas
    de saudade

    aquilo mata-nos
    e olhamos para trás
    com a maior
    tristeza

    com aquilo destruído
    como um sonho sonhado
    que foi desfeito
    naquele dia de chuva

    em que criamos obras
    como este poema
    que ninguém
    vai ler

    a chuva abrigou-me
    nas tempestades
    de revolta sentida
    em luto…

    e quando estás
    quase a morrer
    tiras a tua
    ultima gota

    tão vermelha
    e linda
    nos meus olhos azuis e tristes
    quase cegos

    esse som é-me familiar
    há chuva
    e naqueles dias de lua;
    deceção

    é um grande deleite
    mas também
    é como comer silvas
    com a minha boca que sangra

    aquela viagem toda
    até ao mundo dos mortos,
    a dançar
    com os esqueletos

    e assim que chega
    àquelas florestas
    encontra os esquecidos
    e tristes

    entre os condenados
    e praticamente mortos
    há sempre uma vitória
    a razão…….

    uma historia
    sobre o que se passou
    o tolo
    falou!

    Vais-te perder
    nestas montanhas geladas
    e os lobos
    vão-te comer

    todos sofrem com isso
    mas também
    se enganam
    a eles próprios

    uma filosofia
    não descoberta
    e também
    esmagada

    mas também
    nos encontrará
    para sempre
    mais cedo ou mais tarde

    não tenho culpa
    de teres pedido desculpa
    tenho culpa
    de teres culpa

    ouviste as vozes dos outros
    e não a da tua cabeça
    e caíste
    na tua sombra

    mas depois chegas
    à parte mais doce e jovem
    que já não via há muito tempo
    mas já não te perdes

    encontraste-te
    com aquilo que é pior para ti
    e melhor para os outros
    e na água viveste

    será que sonhava
    com as estrelas
    porque tinha sono?
    não !!!!!

    descansado para sempre
    e assim massacrado
    e assim morto
    pela minha espada

    as vozes fluem-me na cabeça
    e nela habitam e criam
    uma atmosfera
    perigosa

    tão contagiante esta aura;
    tão confortável;
    tão compreensível
    e tão complicada também

    escolhe uma
    e eu faço-te
    compreender
    esta filosofia

    sem rima
    sem cor
    sem vida
    sem superficialidade


    Nuno Azevedo
    2012
    (Transcrevi este poema de um dos meus netos, não fazendo qualquer correcção.)


                                  

2 comentários:

Josemar Bosi disse...

Parabéns para o Nuno, poema de gente grande...! Parabéns pelo Blog. Abraços.

Maria Letr@ disse...

Muito obrigada, Josemar Bosi.
Peço desculpa porque postei o seu comentário e depois não voltei a ele.
Um abraço amigo.