De velhas raizes minhas,

umas vivas, outras mortas,

retirei ervas daninhas

p’ra poder abrir mais portas.


20100104

CRISE EXISTENCIAL DO PAI NATAL

Este ano, aquele Pai Natal famoso por ser gordinho,
corado, bonacheirão e muito rechonchudinho,
entrou pela chaminé, num estado de fazer dó.
De barriguinha encolhida, não conseguiu descer só...
e eu, que não acredito em Pais Natal, vi, então,
que se impunha ir ajudá-lo, senão caía no chão.
Trazia dentro do saco, promessas, muitas promessas.
Estava muito cabisbaixo. Sabia que nas cabeças
de meio mundo, a sofrer por tanta leviandade
a que ele estava a assistir, na sua já longa idade,
havia gente que ainda esperava, apesar de tudo,
que ele trouxesse no seu saco, algum presente graúdo.
Perguntei-lhe: -Porque sofres e estás tão magrito assim?
Respondeu-me: -Porque tenho o meu reinado no fim...
Dantes, todos me esperavam o ano inteiro, pacientes.
Agora, que eu já estou pobre, e tenho poucos presentes,
ninguém quer saber de mim, e já dizem que o Natal
não tem Pai, nem nunca teve! Estou lixadinho, estou mal!
Eu não tive alternativa. Puxei o peito p'ra fora,
dei-lhe o braço, ternamente, e fomos dali embora
conscientes, muito calmos, procurar um novo mundo
sem esta vil confusão e preconceitos de fundo,
onde a Paz seja perfeita e este doce Pai Natal,
viva só para a criança, rara Jóia Universal!


glittersMaria Letra
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11 comentários:

Sandra Botelho disse...

É realmente está morrendo a crença no natal..e no papai noel, não sei qté que ponto isso é ruim...
Acho que dá o que pensar.
Bjos no coração

Adelaide disse...

Querida Mizita,

Este poema está muito belo. Até parece que devia ir para os contos da Avó Mizita.

Coitadinho do Pai Natal, magrinho e triste! Mas, tu lhe resolveste o problema com a ajuda que lhe deste e ele até ficou mais alegre. Neste mundo tudo tem o seu fim. Triste vida

Beijinhos
Milai

Maria Letr@ disse...

Olá Sandra, obrigada pela sua visita.
É mesmo assim, amiga, estamos a dar cabo, também, da velha figura do Pai Natal, coitadito, um companheiro permanente nos sonhos das crianças ... Ele está a apanhar por tabela.
Um grande abraço e um bom ano.

Maria Letr@ disse...

Amiga Mara/Milai,
Obrigada pela tua visita. Eu não posso colocar este poema nos Contos da Avó Mizita porque não quero que as criancinhas saibam que eu não acredito no Pai Natal. Charmar-me-iam uma traidora dos seus sonhos ...
Um grande beijinho.

Anónimo disse...

Hoje parei neste seu cantinho e em boa hora o fiz. Uma forma muito poética e realista de ver o Natal nos dias de hoje.

Maria Letr@ disse...

Obrigada, Carlos. É sempre um prazer receber comentários de alguém que escreve tão bem. Quisera eu ..., mas não chego lá!

Helena Teixeira disse...

Olá Maria!
Eu acho que tem muito jeito para escrever,muito mesmo.É um texto harmonioso e com sentido de entre-ajuda :)
Convido-a a participar na Blogagem de Janeiro da Aldeia.O tema é: Vamos ca(o)ntar as Janeiras e comer o Bolo-Rei! Pode participar mandando um texto com o máximo 25 linhas e 1 foto para aminhaldeia@sapo.pt até 6ª.

Jocas gordas
Lena

Pena disse...

Linda Amiga:
Acredito, fielmente, na existência do Pai Natal.
Um Texto delicioso. Comovente de ternura e encanto imensos.
Parabéns sinceros. Adorei!
Bem-Haja, pelo seu gigantesco talento.
Sempre a admirá-la e a respeitá-la imenso.

pena

Bem-Haja, fabulosa amiga.
Tudo aqui cintila de maravilha e pureza extraordinária.

Maria Letr@ disse...

Olá Helena! Muito obrigada pela sua visita e pelo seu comentário, bem assim como pelo convite que me fez.
Como pode obsevar, só ontem à noite recomecei a editar textos de novo, embora só tivesse editado um. Estive doente e foi-me recomendado muito descanso. Abusei de mim pois estava a entregar-me a demasiadas tarefas e, agora, vou ter de refrear bastante o meu ímpeto de 'estar em muitos lados ao mesmo tempo'. De qualquer forma, obrigada.
Um grande abraço.
Maria Letra

Maria Letr@ disse...

Olá Pena,
Desculpe a demora, mas estive doente.
Obrigada pelo seu comentário, sempre muito simpático e que, na verdade, não mereço. Não sei se é bom acreditar no Pai, mas que sabe bem acreditar, sabe.
Tudo de bom para si.

Maria Letr@ disse...

Corrijo: acreditar no Pai ... Natal, claro!